Por Beatriz Oeiras

Nesta terça-feira, 27, durante a reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), o ministro da economia, Paulo Guedes, disparou duras críticas ao sistema público de saúde (SUS), afirmando logo em seguida que a rede privada é a solução para o atendimento à população neste período de pandemia.  A Consu dita justamente regras ao setor coberto por planos de saúde.

Além de sua fala sobre o SUS, Guedes reiterou que  “o chinês” criou a covid-19 e ainda produziu vacinas como a eficácia mais baixa do que aquelas desenvolvidas por farmacêuticas dos Estados Unidos.

As falas de Guedes na reunião gerou uma enorme repercussão negativa e ecoa como uma fagulha entre as futuras negociações de imunizantes para o Brasil.

A teoria bolsonarista de que o Vírus foi desenvolvido pela china, com um interesse econômico por trás, já havia disparado entre os ministros. As várias críticas feitas pelo ministro, anteriormente levaram à queda de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, após dificultar as relações com os chineses, essencialmente no momento em que o País depende de vacinas e matérias-primas oriundas dos asiáticos.

Após o novo embate com a China, Paulo Guedes, pediu desculpas por ter dito que a que “o chinês inventou” o novo coronavírus e, ainda assim, produziu uma vacina “menos eficiente”. Guedes alegou que a intenção não era ofender os chineses, mas destacar a capacidade do setor privado de colaborar com o combate à pandemia de covid-19.

Autoridades presentes 

Além do ministro Paulo Guedes, estavam na reunião os ministros da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Justiça, Anderson Torres, além de representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

Pelas redes sociais do Ministério da Saúde o vídeo da reunião foi transmitido, mas após os presentes perceberem que estavam sendo gravados, suspenderam a transmissão. 

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Repercussão

Após a repercussão negativa da fala de Guedes, a Senadora Kátia Abreu (PP), publicou por meio das suas redes sociais a desaprovação da postura do ministro. 

“Palavras ao vento e totalmente desnecessárias. Só atrapalham o país. Antes de atacar a vacina chinesa, o ministro deveria se lembrar que 80% das doses aplicadas no Brasil são da China”, diz Abreu. 

As falas dos ministros ocorrem no momento em que o Senado instala a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, e realiza a primeira reunião do conselho, que foi instituído para investigar atrasos do governo federal na aquisição de imunizantes.

Atualmente, o Brasil é dependente da importação de insumos farmacêuticos ativos da China para a produção tanto da Coronavac como da vacina de Oxford/AstraZeneca, na Fiocruz. 

As polêmicas com os chineses que envolveram o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo foram vistas como o único motivo para o atraso do envio de produtos ao País.

De acordo com os dados  do Ministério da Saúde, mais de 70% das 57,9 milhões de doses de vacinas entregues no país até o momento são da Coronavac. Além do mais, a materia-prima usada pela Fiocruz para produzir a vacina de Oxford/AstraZeneca é importada da China.

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