A investigação criminal veio à tona na segunda-feira (15/3) depois que o Jornal do Tocantins publicou detalhes do processo administrativo que, até então, corria em segredo. Fontes ligadas ao ministério confirmaram a informação ao Correio nesta quinta-feira (18/3).
No documento, cujo assunto é “Suposto crime contra a honra do presidente da República”, há uma ordem direta do ministro para que o diretor-geral da Polícia Federal inicie a investigação “com vistas à imediata apuração do crime”. Apesar disso, o mesmo ofício cita, logo no parágrafo anterior, que a PF apresentou parecer contrário à abertura do inquérito, assim como o Ministério Público Federal.
Segundo informações do portal Uol, que acessou o documento completo da investigação, a Diretoria de Inteligência Policial da PF (DIP-PF) tomou o depoimento dos investigados em janeiro deste ano por videoconferência. Eles são o sociólogo Tiago Costa Rodrigues, de 36 anos, e o microempresário Roberval Ferreira de Jesus, de 58. A diretoria ainda monitorou o perfil de Tiago Rodrigues no Twitter e anexou diversas postagens ao inquérito.
Primeira representação e arquivamento
Bem antes de chegar ao alto escalão da Esplanada dos Ministérios, o caso havia sido levado às autoridades nacionais e locais pelo ex-candidato a vereador de Palmas, Celso Montoia Nogueira. Na época, ele alegou que a frase “Bolsonaro não vale um pequi roído” era desrespeitosa com o atual presidente e excedia o direito à crítica. Isso porque a expressão é associada na região a “alguém que não presta”, como explicitou o advogado de Nogueira na petição inicial.
Apesar da alegação, as reclamações foram arquivadas graças ao entendimento de que as mensagens não se enquadrariam em nenhum crime previsto em lei. Como o Código Penal afirma que, em caso de suposta injúria contra o presidente, o ministro da Justiça tem a palavra final sobre a apuração, a procuradoria enviou os autos para que Mendonça tivesse ciência da decisão. Foi quando ele contrariou a argumentação das duas equipes técnicas e determinou o prosseguimento das investigações.
Defesa
A divulgação do processo gerou comentários solidários a Rodrigues e Jesus nas redes sociais. Nas mensagens, muitas pessoas comparam os outdoors a manifestações feitas contra os governos anteriores. Outros também questionam a necessidade de se utilizar recursos públicos em uma investigação como essa enquanto o Brasil vive o momento mais duro da pandemia de Covid-19.
Com informações Correio Braziliense